Manoel Ocampo - Eleventh Station |
quinta-feira, 15 de março de 2012
Militante
quinta-feira, 8 de março de 2012
Violinista
Marc Chagall |
Era imprudente como o frio da alvorada, mas revoava em redemoinhos soltos de algodão doce sabor jasmim. Mimetizava o compasso decadente da bonança e violava a alcunha de suspensórios relegada ao acaso das coisas certas. Infantil, redobrava o verde profundo da escuridão alheia e emporcalhava a esperança da preguiça rosa cor-de-tamborim. Dispensava cores, assim, como se temesse a solidão de uma aquarela muda e materializava rumores no câncer da juventude engajada na malemolência mambembe de uma ária etrusca. Rezava para o grifo-enguia do amor primata das soluções tardias e cruelmente estúpido, entoava júbilo em literaturas indignas que alimentavam mortes incidentais no sapê da mansidão urbana. Fugia sem pernas para o não-lugar de seus desígnios e esperava os pelos de aguardente que o libertariam da fraterna licenciosidade do não-ser. Empenhava a empunhadura ao fraco desabotoar de um sol de janeiro-março como fina macabéa de indolores despedidas. Galgava incorporar o desmoronamento vermelho de uma tarde em dia de azul turquesa...
sábado, 3 de março de 2012
Loucura
Bring Forth the Tides of Night - Andy Kehoe |
Garoava um hálito amedrontado de clarividência. Entendia aquilo que por anos não quisera e inventava um jeito impróprio de revolvê-lo das inverdades da convivência. Seu íntimo de pureza contrastava com a palidez azulada do descontentamento dos outros e lhe encantava o fato de ouvir o canto amarelo das línguas afugentadas pelo futuro. Com a cabeça no pretérito menos que imperfeito, rabiscava sons joviais na medievalidade de suas conquistas e, assim, flanava na arte da existência como um barulho de misericórdia unindo uvas vermelhas aos sentimento de pesar. Vestida de inverno e exalando matemáticas, abrigava no pólen de suas visceralidades uma resolução de estrelas esquecidas e amadas, capazes de implodir e absorver nenhuma prudência ainda cometida. Vivia para clamar as aves da ignorância, tão metafísicas quanto a certeza das realidades. Se cansou no meio do caminho do meio e arvorou-se nos universos finitos do contentamento. Subiu aos infernos de normalidade amparada no roxo-alaranjado de uma madrugada, guiada por aqueles a quem não queria mal. Dormia livremente na rotina do acaso...
quinta-feira, 1 de março de 2012
Padam, Padam
Jean Claude Fournié, 2009 |
Cheirava a decepção... descia pela garganta e escorria até encontrar o frio do colo castigado e rasgado pelo tempo. Harakiri... longitudinalmente na alma estreita e descontente que zumbia assim, silenciosamente, como uma manhã de feriado na quarta-feira. Queria se fixar... enchia o oco dos pés com cola bastão sabor anis, pois o sentido estava no roxo-carambola dos desenhos indigestos das senhoras transviadas. Parecia se encontrar no plus bleu que le bleu des tes yeux, só que de uma outra cor, mais picante e acanelada que lhe sorria do avesso um suspiro de afeto. Vomitava... mugido, dor ou contentamento que o fizesse ser ignorado pela redenção de um dia ter aparecido de sapatos carmesins no veludo azul da amargura alheia. Queria... o inverso era obedecer à indulgência fulminante da ordem que lhe deformava os ossos da esperança. Dançava... Padam, Padam... rodopios despertavam o imenso que em si continha e acalentavam o infinito de sua tensões. Começava novamente...
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