quinta-feira, 8 de março de 2012

Violinista

Marc Chagall
Era imprudente como o frio da alvorada, mas revoava em redemoinhos soltos de algodão doce sabor jasmim. Mimetizava o compasso decadente da bonança e violava a alcunha de suspensórios relegada ao acaso das coisas certas. Infantil, redobrava o verde profundo da escuridão alheia e emporcalhava a esperança da preguiça rosa cor-de-tamborim. Dispensava cores, assim, como se temesse a solidão de uma aquarela muda e materializava rumores no câncer da juventude engajada na malemolência mambembe de uma ária etrusca. Rezava para o grifo-enguia do amor primata das soluções tardias e cruelmente estúpido, entoava júbilo em literaturas indignas que alimentavam mortes incidentais no sapê da mansidão urbana. Fugia sem pernas para o não-lugar de seus desígnios e esperava os pelos de aguardente que o libertariam da fraterna licenciosidade do não-ser. Empenhava a empunhadura ao fraco desabotoar de um sol de janeiro-março como fina macabéa de indolores despedidas. Galgava incorporar o desmoronamento vermelho de uma tarde em dia de azul turquesa...

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